E é com essa ideia – mencionada por Rubem Alves – de William
Blake que me despeço do ano que se desfaz e convido o próximo a se desfazer. Os anos não têm sido fáceis, e esse não foi diferente. Relações já frágeis se
quebraram de uma maneira que eu não imaginava, eu chorei bem mais do que sorri,
eu tive dores bem mais do que curas, mas (o importante é que emoções eu vivi?)
eu também aprendi muito.
Entrar numa universidade pública não me tornou/torna melhor
nem pior que ninguém, é apenas uma fase, bastante efêmera, da minha vida. Eu sei que para muitas pessoas isso soa
bastante ingrato, principalmente aos amigos e amigas que tanto lutam para ter
acesso a uma, mas não é simplesmente cuspir no prato que come, só realmente
acredito que viver me ensinou/ensina muito mais que uma “grade” acadêmica – há
quem concorde comigo, esses malamimicos da vida (e dessa vez é pra fazer o
favor de arrastá).
Diferente dos anos anteriores, eu ousei bem mais no que diz
respeito à militância feminista, embora tenha participado menos de discussões polêmicas.
Fui à minha primeira Marcha das Vadias, acompanhada de amigas lindas que o
universo fez o favor de me apresentar, levando comigo namorado – que foi mesmo
doente e tem sido um parceiro sensacional, e o amigo – que acredita mais em mim do que eu mesma e nesse momento está lá em Floresta Azul curtindo a paisagem. Vi o quanto a
pluralidade no feminismo pode causar desentendimentos sérios e, às vezes, por tão
pouca coisa (sofri/sofro muito com isso), mas também pode enriquecer de tal
forma os debates a ponto de a ideia de um mundo justo para TODAS as pessoas parecer
menos utópica.
Tive encontros maravilhosos com conhecid@s desconhecid@s:
lançamento da revista Dandara; virada paulista; roda poética; visita à matilha;
primeira super botecada feminista.
Espero que o próximo ano se desfaça mais de amores, risos,
encontros, poesias, do que o contrário. Que meu ser triste esteja menos triste,
porque a junção de ser e estar assim é muito dolorosa. Que eu engravide ainda mais sonhos e que pari-los
compense o sofrimento que possam causar.
* o sofrimento às vezes também engravida.
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