21 dezembro, 2014

Acontece.

Acontece de você estar com saudades de uma pessoa e encontrar ela em um dia/horário/lugar inesperado. Acontece de você andar na rua e tropeçar no nada. Acontece de você se apaixonar por uma pessoa ou por várias pessoas. Tem realmente um monte de coisas que acontecem. Mas uma pessoa não é atropelada porque acontece, uma pessoa não é baleada porque acontece, uma pessoa não tem uma cirurgia mal feita porque acontece. E tem um mundo todo de coisas que não "acontecem". Nesses casos o sinônimo de acontece é fuga. Rubem Alves tem uma metáfora para essa fuga: o comportamento do avestruz diante do perigo, todos sabemos que o avestruz enterra sua cabeça na terra, e o que ele está fazendo? Dando um jeito de não sentir medo, porque o que "os olhos não veem o coração não sente", mas isso não causa o retrocesso do animal que oferece perigo, o avestruz será comido do mesmo jeito. E nós que achamos ridículo tal comportamento somos iguais ou piores. O leão nos engole, mas nós estamos de olhos fechados, porque não vê-lo torna tudo mais fácil (?).

26 agosto, 2014

Teste vocacional

Melhor sensação do mundo é amar e acreditar ser amada, essa seria minha resposta sobre sentires. Sempre fui uma pessoa triste, não que eu veja problema nisso, sei que uma pessoa triste e solitária não tem como viver. Mas ainda que eu seja uma pessoa triste, e apesar dos não poucos dias difíceis, eu fui colecionando muitos amores ao longo dos meus desfazeres de vida. Cada pessoa maravilhosa. Duas ou três almas gêmeas. Inspirações. Eita! Não tem coisa melhor que amar essas pessoas. Dormir com um calorzinho do peito só de lembrar uma cena ou outra que já viveu com alguém, ou de palavras trocadas, carinhos, choros. Ser feliz realmente é algo que não combina comigo, mas amar, eu nasci para amar. De repente, não mais que de repente, fiz do amor minha vocação.  

19 julho, 2014

"As pessoas são aquilo que elas amam".

"Aprendo porque amo",

Você, meu grande amor, não teve tempo de cantar a pedagogia da antropofagia. Tempus fugit. Um humano multifacetado, e desses raros que ousam falar de amor, que ousam amar e que, claro, carpe diem. Sempre pensei em tudo que me disse com carinho, como aquela bronca de que é preciso ouvir. Sabe quando dizia que lemos um livro pra devorar alguém que amamos muito? Pois é, lembrei do primeiro livro seu que li, já depois de te conhecer, em um determinado assunto pausei, fechei deixando a mão como marcador e disse (não, não pensei, eu disse mesmo pra quem quer que pudesse ouvir no ponto de ônibus): "independente do que você pensar sobre esse assunto eu amo você e isso não vai mudar", obviamente não me decepcionei.
Soube que estava mal, chorei, tive medo, e hoje choro novamente, um choro triste, e por isso já peço perdão, mas entenda como é difícil me despedir de alguém que sequer pude abraçar, fora o arrependimento de ter tido a chance, lembra daquele encontro com Gondim em SP que você, já debilitado, carimbou os livros em vez de autografar? Juro que não me importaria (desde que eu tivesse meu abraço). Entenda minhas lágrimas também como gratidão pelo prazer que sempre me causou, por trazer um pouco de calma nos meus piores dias, por me ensinar esperança, me ensinar descontração, me ensinar a não ser idiota e deixar de lado as certezas (nisso eu acho que tenho me saído muito bem, melhor que em escutar, confesso), por ser a minha quase salvação. O que me consola nisso que espero ser apenas uma transformação é saber que continuará VIVO EM MIM, e que por te amar:
DEVOREI, DEVORO, DEVORAREI...
Ao meu melhor contador de histórias, poeta, entre tantas outras faces, Rubem Lindo Divo Alves.