19 dezembro, 2013

Sobre solidão

O telefone tocou insistentemente, ninguém subiu pra atender, nesses horários as ligações sempre eram pra Ela. De manhã, bem cedo, o celular despertou todas as sonecas, mas Ela sempre levanta só na última.
Pouco mais tarde, a mãe levantou e foi cuidar do filho no andar de baixo, preparar o café da manhã, cuidar da higiene pessoal dele, dar banho, fazer curativos, depois se cuidar. Um pouco antes do almoço vai cuidar de limpar a casa, começa pela louça, passa pelo seu quarto, sobe pro quarto Dela. A cama já estava arrumada, ou não foi mexida? Será que Ela ficou sem dormir de novo? Mas se já está de férias na escola... Teimosa! Depois passa mal de sono no trabalho. Abriu a porta do banheiro pra recolher o lixo. Ela fria no chão frio, a esperança apagada, o vermelho no ralo, o buraco na alma, os olhos sem respirar, a máscara da morte. Gritos. Louca. Ela desistiu. No fim da tarde recolheram o corpo.